George Bailey, abrindo os braços para mostrar ao empregado da loja o tamanho da mala que queria comprar para depois percorrer o mundo...
Desde criança, George Bailey sonhou em calcorrear o mundo, explorando novas terras e construindo grandes obras. O que ele não queria era ficar para sempre em Bedford Falls, uma cidade pacata dos Estados Unidos da América. Contudo a vida vai-lhe pregando partidas e ele vai adiando sempre o seu sonho, acabando por chegar à casa dos quarenta a fazer projectos em papel e a assumir o negócio do pai, uma espécie de cooperativa de habitação, implicando lidar com empréstimos, juros e a ficar confinado num escritório o dia inteiro. Na sua ânsia de partir e não criar laços, recusou-se a admitir que se apaixonou por Mary, a menina que virou mulher e que foi sempre apaixonada por ele. Rendeu-se ao amor, casou-se com Mary e tiveram quatro filhos, vivendo numa casa enorme e decadente que não podia ser devidamente restaurada por falta de dinheiro.
Na véspera de um Natal, endividado e sem saída, num acto de desespero, George pondera o suicídio porque "valia mais morto que vivo". No momento em que ele se encontra preparado para se atirar ao rio, o seu anjo da guarda cai à água e, instintivamente, George mergulha para o salvar... Porque foi o que ele fez sempre em toda a sua vida: salvou o irmão de morrer afogado quando eram crianças; salvou o farmacêutico de ir preso por ter dado o medicamento errado, visto estar transtornado ao saber da morte do filho; com o negócio herdado do pai por força de circunstâncias várias, salvou muitas famílias de irem viver nas barracas do maléfico homem de negócios Henry Potter...
It's a wonderful life (em português, o filme ficou conhecido sob o título "Do céu caiu uma estrela"), foi realizado por Frank Capra em 1946, com James Stewart e Donna Reid nos principais papéis. O filme surgiu numa altura em que era importante elevar o espírito de entre-ajuda e de reconciliação, após a experiência traumática da Segunda Guerra Mundial. Uma história simples, contada de trás para a frente, i.e. o filme começa no momento em que George pensa no suicídio e Deus decide chamar um anjo para o salvar. O anjo Clarence, há mais de duzentos anos à espera de ganhar as suas asas, é escolhido e Deus mostra-lhe os momentos fulcrais da vida de George, compreendendo-se porque é que ele quer tentar o suicídio. O anjo Clarence dá então ao George a oportunidade única de saber como é que as pessoas que lhe eram próximas teriam vivido se ele não tivesse sequer existido... Já que ele dizia que valia mais morto que vivo...
É um dos meus filmes obrigatórios do mês de Dezembro, visto passar-se na época natalícia. Mais do que isso, é o meu filme favorito. Quiçá porque me revejo vezes sem conta no George Bailey: uma ânsia de partir, de estar sempre em viagem e de sentir que há sempre algo para observar, sentir e vibrar. Na verdade, todos temos um pouco do George Bailey: uma vontade, tantas vezes indómita que nos deixa esgotados, de partir à busca de novos mundos.
George Bailey aprendeu com a oportunidade dada pelo anjo Clarence que o seu mundo, que o seu suporte era a família e os amigos.
Maggs
2 comments:
Há dias em que estou lá ... e espero que o anjo apareça, não tem aparecido.
Gosto muito deste filme.
Olá anónimo (que suspeito quem seja...:) )
O teu anjo está dentro de ti.
Daí... ser importante passar algum tempo "connosco próprios"... Já entendeste a minha teima nas nossas conversas? :)
Bj grande!
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